terça-feira, 22 de janeiro de 2013

DIA DE NÃO FALAR MAL DA GUINÉ-BISSAU


Escrever sobre a crise na nossa Guiné-Bissau seria redundante e aborrecido. Ao longo destes meses, pós golpe do 12 de Abril, muito se debateu, argumentou, opinou, com ou sem fundamento, quanto a tragédia nacional.

Naturalmente, sou um guineo-optimista, um cidadão que acredita sempre na Guiné-Bissau e no seus filhos. Sou da corrente que crê sempre haver uma solução para todos os problemas, por mais complicados que sejam.

A minha geração nasceu independente. Não lutamos nas matas contra o jugo colonial português. Nascemos livres. Sonhamos com uma Guiné-Bissau desenvolvida, em Paz e onde todos sejamos felizes.

Os males são fruto da nossa teimosia em temer ser felizes. Em acordar, olhar ao espelho e dizer que não gosto do que vejo e não dos que vejo.

Um povo, com uma história de resistência e vitórias como a nossa, não pode deixar que a sua auto-estima seja chutada e maltratada por todos.

Nós somos um povo heroico, somos uma nação de filhos brilhantes. Ofende, dói, quando lançamos a primeira pedra contra a PÁTRIA.

Porque que não podemos gostar do que somos?

Eu procuro manter-me o mais informado sobre o país. Leio todos os blogues, jornais e oiço todas as rádios. O denominador comum de alguns, lamentavelmente, ainda é o pessimismo.

Contribuímos para que a mensagem nos caracterize como golpistas, traficantes de droga, incompetentes, corruptos e analfabetos. Permitimos que o desrespeito pela nossa história aconteça diariamente.

Até quando?

Não sou hipócrita nem ingénuo. A realidade me aflige, o presente não é uma fotografia bonita. Sofro como todos os meus conterrâneos, pelos erros que a nossa jovem Guiné-Bissau vai cometendo.

Quem sou eu para defender o atual estado de coisas. Coisas que aliás são bem nossas, como diria o saudoso poeta Jorge Ampa.

Não há mal que perdure....

Vamos fazer o extraordinário, vamos falar bem da Guiné-Bissau por um dia que calhe.

Digamos ao tuga, inglês, chinês, americano, ao mundo que o nosso país é lindo. Tem rios e mar de fartura, verde de esperança, o sorriso das suas crianças, a bravura dos seus homens e a beleza estonteante das suas mulheres.

O nosso caldo de tchebem é maravilhoso, o nosso kriol e poético, o nosso gumbe é hipnotizante.

O país de Amílcar Cabral, é um orgulho de África. Ajudamos a libertar Cabo Verde, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe.

Contribuímos para o derrube da Ditadura em Portugal. Apesar de tudo isso não subestimamos nem odiamos ninguém.

O povo Guineense é digno.


Kharan Dabo

GAZETA DE NOTÍCIAS

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