"KA TEM CABEÇA... CADA CUSSAS "...
O antigo secretário de Estado das Pescas da Guiné-Bissau, Mário Dias
Sami, afirmou hoje no Parlamento que os militares que fizeram o golpe de
Estado deviam ficar com o poder em vez de o entregar aos civis.
“Sim, porque em golpes de Estado clássicos quem faz o golpe fica com o
poder. Mas, aqui o que temos tido não são golpes de Estado porque os
militares acabam sempre por entregar o poder aos civis”, defendeu Dias
Sami, agora deputado do Partido Africano da Independência da Guiné e
Cabo Verde (PAIGC), maioritário.
Intervindo numa sessão parlamentar
dedicada a debates sobre a revisão pontual da Constituição da
Guiné-Bissau, Mário Dias Sami disse que os políticos e os guineenses
deviam “deixar os militares em paz”.
“Se fosse eu a fazer o golpe de Estado tinha ficado com o poder”,
afirmou Sami, acrescentando que o poder hoje está com civis como o
Presidente de transição (Serifo Nhamadjo), o presidente do Parlamento
(Sory Djaló), a presidente do Supremo Tribunal de Justiça (Maria do Céu
Monteiro) e o primeiro-ministro (Rui de Barros).
“Os civis devem assumir de uma vez por todas as suas
responsabilidades, porque são eles que detêm o poder neste país, não os
militares. Já chega de falar de golpe de Estado para justificar tudo e
mais alguma coisa. Nós, os parlamentares temos que assumir a nossa
responsabilidade”, sublinhou.
O antigo governante reagia assim quando alguns deputados,
nomeadamente os da sua própria bancada, falaram da necessidade de antes
de se aprovar qualquer diploma no Parlamento as bancadas consultarem as
respetivas direções partidárias.
“Se somos divididos neste país por causa dos partidos, então o
melhor, se calhar, era acabarmos com os partidos e ficarmos com o povo
da Guiné-Bissau, que é o mais importante”, disse Mário Sami, merecendo
palmas de alguns deputados.
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