terça-feira, 30 de outubro de 2012

SOMAM E SEGUEM: AS LIÇÕES DE CABO-VERDE

O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, disse que as declarações do porta-voz do governo de transição da Guiné-Bissau, insurgindo-se contra os comentários das autoridades cabo-verdianas a respeito da situação naquele país, “não merecem qualquer comentário do Governo de Cabo Verde”. O porta-voz do governo de transição de Bissau, Fernando Vaz, considerou “vergonhosas” as declarações do primeiro-ministro e do Presidente de Cabo Verde, José Carlos Fonseca, sobre a Guiné-Bissau e pediu que acabem as “faltas de respeito”, questionando a veracidade da independência de Cabo Verde e a sua origem. Abordado pelos jornalistas depois de participar num acto oficial na capital cabo-verdiana, José Maria Neves escusou-se a tecer qualquer comentário sobre essas declarações, preferindo sublinhar que “o Estado de Cabo Verde é uma pessoa de bem, as instituições da República são legítimas” e que o arquipélago “é um Estado de Direito Democrático e tem uma grande confiança e prestígio no plano internacional”. O chefe do Executivo cabo-verdiano acrescentou que Cabo Verde quer que a Guiné-Bissau encontre a paz, que a comunidade internacional preste atenção a esse “país irmão”, que “está a transformar-se num narco-Estado, onde não há respeito pelos direitos humanos, onde as instituições da República não funcionam e não há a submissão do poder militar aos poderes civis legitimamente constituídos”.aproveitou ainda para realçar que Cabo Verde está, sobretudo, interessado em trabalhar para que se possa combater, com vigor, os tráficos, o desrespeito pelos direitos humanos e qualquer desvio em relação aos princípios de um Estado de Direito Democrático. O governante cabo-verdiano instou a União Africana a ver com um “olhar atento” a situação da Guiné-Bissau, buscando os consensos necessários com as Nações Unidas, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para o lançamento das bases visando a consolidação da democracia e o desenvolvimento daquele país oeste-africano. Na sequência da tentativa de assalto a um quartel em Bissau, no passado domingo, na qual as autoridades de transição da Guiné-Bissau implicam Portugal e a CPLP, o primeiro-ministro de Cabo Verde alegou que, de Bissau, “nem sempre as declarações políticas correspondem à realidade”. “Não devemos precipitar-nos em relação aos acontecimentos, nem às declarações que têm sido feitas e que nem sempre correspondem à realidade dos factos. São declarações que Cabo Verde não comenta”, disse José Maria Neves. A propósito da situação em Bissau, o Presidente cabo-verdiano, José Carlos Fonseca, disse também que sem uma intervenção “firme, determinada e interessada” das Nações Unidas, a crise vigente na Guiné-Bissau “corre o risco de não ter solução”.

 

 JORNAL DE ANGOLA

Sem comentários:

Enviar um comentário